segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Tonight No Poetry Will Serve - Adrienne Rich

Tonight No Poetry Will Serve


Saw you walking barefoot
taking a long look
at the new moon's eyelid

later spread
sleep-fallen, naked in your dark hair
asleep but not oblivious
of the unslept unsleeping
elsewhere

Tonight I think
no poetry
will serve

Syntax of rendition:

verb pilots the plane
adverb modifies action

verb force-feeds noun
submerges the subject
noun is choking
verb disgraced goes on doing

now diagram the sentence


terça-feira, 16 de agosto de 2011

Uma introdução...

Olá!

Bem-vindas(os) ao meu blog de literatura! Esse é um espaço que criei com o objetivo de difundir e estimular o (re)conhecimento da rica literatura escrita por mulheres, através da postagem de poemas, trechos de romances ou contos, e algumas análises literárias (quando eu estiver menos ocupada com monografia e afins). Todas aquelas interessadas em contribuir são muito bem-vindas!

Como apontado por diversas pesquisadoras feministas, o (re)conhecimento da nossa literatura ainda está bem longe de ser concreto: as listas de escritores consagrados e incluídos em estudos de literatura se declinam, disse uma pesquisadora, "no masculino"; poderíamos contar nos dedos as poucas escritoras de fato aceitas no cânone ... Qualquer estudante (ou estudiosa ou estudioso, ou amante) de literatura poderia chegar à fácil conclusão de que as mulheres não possuem uma tradição literária sólida, e não escreveram muito ao longo da História! O que, evidentemente, não é verdade. As mulheres escreveram, e continuam escrevendo. Mas, historicamente falando, as obras escritas por mulheres tendem a ser enterradas rapidamente após sua publicação (quando chegam a essa etapa), e se perdem no oceano da norma masculina.

Esse conceito, o de norma masculina, pode parecer um pouco estranho para algumas pessoas. Mas não é preciso ler muita teoria feminista para compreendê-lo. Basta uma reflexão simples, como esta que proponho a seguir:

O termo 'Literatura Feminina' existe, e é tido como compreensível pela maioria das pessoas que possuem alguma ligação com literatura. Por esse termo se definem, não sem uma boa dose de ambiguidade e controvérsia, as obras escritas por pessoas do sexo feminino. 'Literatura Masculina', porém, o seu suposto termo-irmão, causa estranhamento em quem ouve devido à sua incoerência. Por que isso acontece? Qual seria a razão para a necessidade de explicitar que uma obra foi escrita por uma mulher, mas não se ela foi escrita por um homem?

A resposta para essa pergunta não é tão simples, pois a não-representação das mulheres na literatura é apenas uma das facetas da invisibilidade e negação da experiência das mulheres que ocorre na sociedade patriarcal, e não um fenômeno isolado. Mas essa explicação pode ser resumida aqui se nos concentrarmos mais estritamente no aspecto literário. Pois bem. Existe uma Literatura Feminina, e não uma Literatura Masculina, porque a mulher que escreve é vista como uma anomalia, um desvio da norma -que é, de fato, masculina; e deve-se lembrar que é apenas a exceção que é demarcada, e não a regra universal. Assim como o homem se coloca como o representante da espécie humana como um todo ("O Homem é um animal racional", etc), o homem escritor por si só representa a literatura em sua universalidade. Não é nem um pouco difícil encontrar exemplos literários nos quais o ser humano que escreve (e cria, de uma forma geral) é explicitamente identificado como um homem. Dessa forma, a escritora é destacada e segregada do padrão literário, confinada a um rótulo de intrusa dentro da tradição da escrita. Ela é uma particularidade, uma exceção à regra universal masculina: o ser que busca expressar sua voz livremente a despeito do fato de que isso é socialmente um privilégio dos homens.

Porém, há mais por trás da 'Literatura Feminina'. Além de segregar a mulher escritora dentro da literatura, esse rótulo também cumpre o propósito de diminui-la, e impõe à sua obra a classificação de literatura menor, diferenciada ou menos séria. Isso ocorre porque o próprio ato da criação literária é visto como uma prerrogativa masculina. É caracterizado como uma ação transcendente, que transpõe a existência meramente animal do ser humano, e um dos vários símbolos da cultura -a materialização do poder masculino de controle e transformação da natureza. Essa qualidade transcendente dos atos de criação do homem é colocada como oposta à única criação da mulher que é socialmente legitimada, ou seja, a reprodução, por sua vez vista como algo involuntário, animal ou biológico e não-criativo. Ela mesma um ser mais intimamente ligado à natureza segundo os homens (que negam a presença dos próprios hormônios), a mulher é definida por eles como não-transcendente: sua agência em sociedade não é reconhecida, e qualquer ato de criação a que ela seja impelida pelo seu desejo de autonomia é classificado como menor, imperfeito. Assim, há uma tradição masculina em caracterizar mulheres como artistas ruins ou amadoras, sem profundidade ou domínio firme da técnica, regidas pelas suas emoções e sua biologia. A análise tradicional de suas obras reflete o julgamento ao qual as mulheres escritoras são submetidas.

Como feminista, eu rejeito as milenares concepções patriarcais acerca de como a mulher se comporta e deve se comportar. Renego a definição masculinista da escritora como intrusa ou artista imperfeita. Essas definições sobre as mulheres são máscaras, que nos impõem a posição subordinada e de fato sub-humana na qual os homens desejam nos manter. Precisamos descartar essas máscaras. Para fazê-lo é necessário procurar por nossas (verdadeiras) vozes, que foram e continuam a ser suprimidas e apagadas. No que diz respeito à literatura, resgatar nossa escrita de fato significa resgatar uma porção significativa de nossas identidades. Como escreveu Adrienne Rich, é de grande importância (re)descobrir "uma arte só nossa: para nos lembrar de nossa história e do que poderíamos ser; para nos mostrar nossas faces verdadeiras –todas elas, inclusive as inaceitáveis; para falar do que do que tem sido abafado em código ou no silêncio.

É justamente isso que pretendo incentivar aqui neste blog.